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O que passei nas mãos de um homem mórmon/Depoimentos

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  Nesse post, convidei seis mulheres para contarem suas experiências, a partir da seguinte pergunta: “O QUE PASSEI NAS MÃOS DE UM HOMEM MÓRMON”. Desde já, agradeço a confiança em abrirem sua vida, mesmo se tratando de um tema tão difícil, mas que serve para alertar sobre o modo como a igreja mórmon opera, não tirando claro, a responsabilidades desses homens por seus atos. Depoimento 1 “Chegava a ficar dois, três dias fora de casa.” Depois do primeiro ano as coisas ficaram bem ruins, ele sumia do radar, chegava a ficar dois, três dias fora de casa. Eu tinha certeza que estava sendo traída mas não tinha provas. Pedi por diversas vezes socorro ao bispo que dava as instruções: orar mais, mais jejum, vá ao templo e blá blá blá. Em uma dessas vezes que ele sumiu, quando voltou tivemos uma briga horrorosa, eu não queira ele dentro de casa, eu empurrava ele pra fora ele tentava entrar e eu me machuquei nessa briga, a polícia apareceu, foi horrível. Eu estava tão destruída que perdi meu emprego

A chancela mórmon: Os homens do mormonismo

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Presidente Gordon B. Hinckley (…) “Case-se com a pessoa certa, no lugar certo e no momento certo” “As coisas mais importantes que um membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pode fazer neste mundo são: 1. Casar-se com a pessoa certa, no local certo, pela devida autoridade; e 2. Manter o convênio feito em relação a essa santa e perfeita ordem do matrimônio.” (Mormon Doctrine, p. 118.) “Adverti os jovens contra os muitos perigos do casamento com pessoas de outras religiões, e com toda a força que possuía, adverti os jovens a evitarem o sofrimento e a desilusão resultantes do casamento com pessoas de fora da Igreja e a situação infeliz que quase invariavelmente advém quando uma pessoa que acredita se casa com um descrente”. Presidente Spencer W. Kimball. Esse papo aí acima de “pessoa certa”, “lugar certo” vem do bombardeamento que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias faz na cabeça dos jovens, desde muito novinhos, a se casarem somente com outros joven

As mulheres SUD progressistas

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Existe uma parcela de mulheres dentre o público Mórmon, que chamo de “Mulheres Progressistas”. Elas são extremamente críticas à igreja, são politizadas, conscientes de causas humanas e principalmente, ao que tange pautas importantes, como o movimento LGBTQIAP+, racismo, machismo e direitos humanos. Posso dizer, “sem sombra de dúvidas” que eu era uma delas. Era Mórmon, mas estava em palestras, eventos culturais, manifestações, debates, lia e sabia muito sobre o campo progressista. Vivia meu próprio paradoxo. Pois, essa mulher tão atuante que eu era, chegava aos domingo, vestia uma saia comportada, blusa de manguinha e me silenciava frente a tanta homofobia, machismo e racismo. Não estava só. Existia uma minoria como eu. Éramos poucas. Nos reconhecíamos através de pautas comuns. Lembro de certa vez, estar em uma ala nova e reconhecer uma companheira. Parecia um alívio para nós duas estarmos ali, conversando, afirmando como era tóxico aquele ambiente. Que o problema não era a gente, como

Carta aberta à Sociedade de Socorro da Ala Irajá Estaca Engenho de Dentro Brasil

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  No Dia Mundial do combate à homofobia volto-me para um o lugar onde, por tantas vezes, presenciei ataques ao grupo LGBTQIA+. Nessa minha vida, já circulei em muitos ambientes e por incrível que pareça foi dentro de uma instituição religiosa onde mais ouvi ataques gratuitos (nenhum ataque se justifica) às pessoas que são homoafetivas. Apenas para situar temporalmente os que leem, estou falando do ano de 2019 e 2020, onde minha família e eu, após haver um realinhamento regional fomos “convidados” a congregar em uma nova ala (igreja mórmon, porém em outro bairro), assim como outras famílias próximas a minha casa. E, mesmo com o desconforto do “convite” (na igreja Mórmon você não pode questionar qualquer decisão tomada por seus líderes), fomos, cada qual com suas expectativas, frequentar essa nova ala. Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos Últimos Dias há um grupo de mulheres chamado Sociedade de Socorro, cujo lema é: “A Caridade Nunca Falha”. Bonito não é? É para esse grupo de mulheres d

Racismo

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  Como vivi 18 anos dentro de uma igreja racista? Sim, racista. Tem coisas que vc pode tentar se esquivar, contornar, melhorar, mas nunca mudar. Não se muda um passado. Ainda mais um passado tão recente. Recente no sentido de que que 1978, os negros mórmons não podiam ter os mesmos privilégios que brancos. Não tinham o sacerdócio, não podiam fazer determinadas ordenanças ditas sagradas no templo Mórmon e por aí vai. Mas, voltando a minha pergunta inicial, como sobrevivi a isso? Como aceitei compactuar com isso? Como pessoas bacanas, bem intencionadas ainda permanecem lá dentro mesmo sabendo dessa realidade? A resposta não é simples. Envolve muitos aspectos. Comigo sinto que se deu da seguinte forma: uma vez que vc entra no mormonismo, te convencem que vc tem um testemunho, te fazem verbalizar esse testemunho mensalmente e pronto. Fica difícil qualquer reação a uma postura contrária a o que se entende como religiosidade. Reina a política do silêncio ou do "deixa quieto". "

Sair da minha igreja foi, antes de tudo, um ato de amor (próprio). Minhas lembranças enquanto membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias

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Imagine a seguinte rotina: domingo após domingo, você se levanta cedo, bem cedo. Se veste correndo, veste seus filhos. Arruma as bolsas, pega o lanche das crianças e sai sem tomar seu café da manhã. Pega seu ônibus e vai para sua igreja como muitos brasileiros. Tudo normal até aí. Em qualquer lugar do mundo, há uma ideia dominante que diz: se um indivíduo vai para sua igreja é para ter paz, "recarregar as baterias espirituais", sentir-se melhor. E assim foi comigo no início do mormonismo. Tudo ia em paz. Porém, há um momento (e esse momento chega pra todo mundo na religião Mórmon) em que se vira uma chave. O Modus operandi passa ser a cobrança. Há uma sensação tangível de que você nunca é bom o suficiente no mormonismo. Uma voz que grita sempre na sua mente "você precisa melhorar". O "melhorar" é visitar mais, entrevistar mais, servir mais, ir mais ao templo, fazer mais a história da família, ler mais, orar mais, sempre e sempre mais. Seu lazer, sua famíli

O Mormonismo e a ausência de Religiosidade

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  Ser uma pessoa religiosa carrega em si um peso: você é observado! Por vezes, é tido como exemplo na família, no emprego, nos espaços que ocupa. Agora, imagina ser uma pessoa religiosa, membro da “única” igreja verdadeira da face da Terra. Esse é o peso que carrega o membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Já fui em alguns cultos de adoração em outras denominações: católicos e evangélicos. Em todos esses momentos, gosto de observar a atitude das pessoas. A atitude de emoção, adoração, um semblante de devoção, o que você raramente vê entre os membros SUD. Na igreja Mórmon, a religiosidade é quase brega. Posso explicar! Se você é uma pessoa que fala muito sobre coisas espirituais ou se assemelha de alguma forma ao público evangélico, você é tido como uma piada lá dentro. Esse comportamento de emoção não é bem vindo. Ao contrário, se você parece uma pessoa fria, com um naipe empresarial, firme e duro ao falar com a plateia, é aclamado. Na religião santo dos Último

Por que eu saí da igreja? Reflexões acerca da minha desassociação da seita Mórmon

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Certa vez eu ouvi a seguinte frase: “O melhor é nunca entrar em uma seita, pois sair dela é extremamente difícil!”, concordo plenamente com essa frase, a partir da minha experiência na seita Santos dos Últimos Dias. Eles vão usar de inúmeras estratégias para você nunca cogitar sair dessa religião, ou então, se você quiser sair, lançarão mão de recursos “baixos”, onde os membros serão acionados para tal impedimento. Como já escrevi em outros momentos, quando você adentra no Mormonismo, há toda uma fase de encantamento: pela simpatia dos missionários, pelas novas amizades, o sentimento de acolhimento, um novo e mais elevado estilo de vida e as inúmeras promessas espirituais. Passada essa fase, onde você é poupado de críticas e exigências, vem o que eu chamo de “virada de chave”: você já não é tão querido assim, seus problemas não são compreendidos tão bem, agora você precisa servir e fazer a igreja mórmon acontecer! Isso inclui, faxinar a capela, preparar aulas e exposições, entrevistar

Um momento de des-programação/ Reflexões enquanto membro que fui de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

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  No filme "Corra" há uma parte onde o personagem principal, Chris, está em uma festa na casa de sua namorada achando tudo meio estranho. Ele circula por todo canto com sua câmera fotográfica. Em um dado momento do filme, ele topa com um rapaz, André, do qual ele tem uma vaga lembrança de sua adolescência. O rapaz , assim como os outros membros da festa, tem um comportamento robótico, como se estivesse hipnotizado. A fim de conseguir um registro fotográfico de André sem que ele percebesse, o Chris aciona a câmera do seu celular. Porém, para sua surpresa, o flash estava ligado e por alguns segundos, sob efeito da iluminação inesperada, André age normalmente, o agarra com força e grita "CORRA"! "SAIA DAQUI". Logo depois desse "surto", os anfitriões da festa o levam para dentro de casa e ele volta, se desculpando, apresentando o comportamento robótico anterior. No mormonismo não há hipnose, nem nada do gênero. Porém, há um comportamento um tanto qua