A chancela mórmon: Os homens do mormonismo


Presidente Gordon B. Hinckley (…) “Case-se com a pessoa certa, no lugar certo e no momento certo”

“As coisas mais importantes que um membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pode fazer neste mundo são: 1. Casar-se com a pessoa certa, no local certo, pela devida autoridade; e 2. Manter o convênio feito em relação a essa santa e perfeita ordem do matrimônio.” (Mormon Doctrine, p. 118.)

“Adverti os jovens contra os muitos perigos do casamento com pessoas de outras religiões, e com toda a força que possuía, adverti os jovens a evitarem o sofrimento e a desilusão resultantes do casamento com pessoas de fora da Igreja e a situação infeliz que quase invariavelmente advém quando uma pessoa que acredita se casa com um descrente”. Presidente Spencer W. Kimball.

Esse papo aí acima de “pessoa certa”, “lugar certo” vem do bombardeamento que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias faz na cabeça dos jovens, desde muito novinhos, a se casarem somente com outros jovens igualmente mórmons. É o famoso: Escolha, mas escolha dentro do que lhe apresentamos como “bom”. Um casamento inter-religioso não é, e tampouco, nunca foi bem visto dentro do mormonismo. Se uma jovem começa a conhecer alguém fora da igreja, isso já é motivo para especulações dentro de reuniões e investidas da liderança, desencorajando esse relacionamento a qualquer custo. Todo jovem mórmon já viveu o dilema de ser apaixonado ou achar interessante alguém fora do mormonismo, mas a cabeça trabalha com a ideia de que só terão um casamento pleno e feliz, se casarem-se com missionário retornado. Um fiel portador do sacerdócio.

O sucesso na vida de uma mulher mórmon é casar dentro do Templo. Muitos sonhos. Muita religiosidade. Muita fé. Tudo muito intenso! A comunidade vibra com a escolha dessa jovem! Ela é a “bola da vez”. E a igreja segue chancelando esse homem como a melhor escolha que ela poderia ter. E os objetivos da igreja estão cumpridos. Mais uma família mórmon no mundo. Imagina se essa moça casasse com alguém de fora da comunidade. Que iria ver as barbaridades do mormonismo e iria tentar alertá-la. Que iria achar estranho a esposa passar mais tempo fazendo coisas para a igreja do que com seu próprio lazer. Imagine um marido que confrontasse sobre o que ouve a respeito da igreja e a poligamia, racismo, escândalos. É preciso que esse casal pense junto, na mesma sintonia de alienação.

Uma mulher mórmon casada com alguém não-mórmon tem status secundário na comunidade. Ela pode até ser “valente no testemunho”, “dedicada nos chamados”, mas não cumpriu aquilo que se esperava dela. Precisa conviver com a doutrina que somente mulheres mórmons, casadas com homens mórmons ficarão juntos para eternidade. Ela não. Não é digna dessa “benção”. Repito, tudo ensinado de forma muito clara desde muito cedo na vida dessa mulher. Voltando ao “felizes para sempre” mórmon, esse casamento, na grande maioria precipitado, sem menor condição financeira de ambas as partes, sem se conhecerem verdadeiramente, acontece com um objetivo: possibilitar que esses jovens façam sexo sem serem culpabilizados. Há também outros objetivos que levam jovens mórmons a se casarem, mas essa pressa toda é uma autorização para o início da vida sexual. Sem ao menos saberem se tem compatibilidade sexual entre ambos.

Paro nesse ponto para dizer que há homens abusivos, tóxicos e manipuladores dentro e fora de qualquer religião, isso é um fato. No entanto, dentro do mormonismo esses homens são tidos como homens de ouro. A moça realmente casa achando, após anos e anos de doutrinação, que esse casamento não tem como dar errado. Que por ser tratar de homens com poderes mágicos de Deus e com a honra de serem missionários retornados, que não serão como o companheiro da sua tia, da sua amiga da faculdade, não serão como seu vizinho abusador. Acreditam se tratar de homens diferenciados.

Porém, o que a maioria delas encontram, são homens preguiçosos, manipuladores, traidores, trambiqueiros, ausentes, homens apáticos em relação a parceira, abusadores, sem caráter, violentos e por aí vai… Super dedicados aos chamados da igreja, mas em casa não trocam uma única fralda. Algumas delas, se deparam com essa triste realidade logo após a lua de mel. E depois que se divorciam, esses homens "honestos" são maus pagadores de pensão. Em 18 anos que vivi nessa religião, nunca, nunca, nunca ouvi uma palestra, aula, discurso que tratasse desse tema, alertando mulheres sobre situações de abuso. Nunca! Esse tipo de abordagem é tida como “feminista”, “política”, “coisas do mundo”. Silêncio total. E quando as mulheres têm forças para sair dessa situação, adivinha como são tratadas na igreja? São apontadas, têm sua intimidade comentada pelos corredores, são culpabilizadas, escanteadas e migram para aquele status secundário do mormonismo. Enquanto os homens são compreendidos, acolhidos, têm uma segunda chance. “Alguma coisa a mulher deixou de fazer para ele ter tomado essa atitude”. Esse tipo de coisa que se ouve nas reuniões de liderança.

 Convidei seis mulheres para contarem suas experiências, a partir da seguinte pergunta: “O QUE PASSEI NAS MÃOS DE UM HOMEM MÓRMON”. Desde já, agradeço a confiança em abrirem sua vida, mesmo se tratando de um tema tão difícil, mas que serve para alertar sobre o modo como a igreja mórmon opera, não tirando claro, a responsabilidades desses homens por seus atos.

Leia aqui= Depoimento de mulheres: O que passei nas mãos de um homem mórmon

Comentários

  1. Parabéns pelo blog. Um excelente trabalho. Muito esclarecedor sobre a seita Mórmon.

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