O Mormonismo e a ausência de Religiosidade

 

Ser uma pessoa religiosa carrega em si um peso: você é observado! Por vezes, é tido como exemplo na família, no emprego, nos espaços que ocupa. Agora, imagina ser uma pessoa religiosa, membro da “única” igreja verdadeira da face da Terra. Esse é o peso que carrega o membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Já fui em alguns cultos de adoração em outras denominações: católicos e evangélicos. Em todos esses momentos, gosto de observar a atitude das pessoas. A atitude de emoção, adoração, um semblante de devoção, o que você raramente vê entre os membros SUD. Na igreja Mórmon, a religiosidade é quase brega. Posso explicar! Se você é uma pessoa que fala muito sobre coisas espirituais ou se assemelha de alguma forma ao público evangélico, você é tido como uma piada lá dentro. Esse comportamento de emoção não é bem vindo. Ao contrário, se você parece uma pessoa fria, com um naipe empresarial, firme e duro ao falar com a plateia, é aclamado.
Na religião santo dos Últimos Dias, você nem pode falar a palavra Deus. É proibido. Não se pode dizer um simples “Deus te abençoe” ou “É a vontade de Deus”. Não, não! Você só pode se referir a Deus, com o nome permitido por eles: “Pai Celestial”. É uma gafe terrível usar o nome de Deus em uma conversa. Lembro que quando saí do mormonismo, adorava dizer “Meu Deus!”, “Graças a Deus”, “Vai com Deus”, tudo para gastar meu vocabulário, em tantos anos de proibição. Outro ponto curioso, é que embora a Bíblia seja um livro aceito pelo mormonismo, ele é completamente deixado de lado, não incentivado. Não é a leitura da Bíblia que conta, é a leitura e estudo do Livro de Mórmon. Lembro perfeitamente dos missionários americanos que vinham aqui em casa e zoavam a Bíblia, dizendo que tudo o que as pessoas precisavam estava no Livro de Mórmon, e que a Bíblia servia apenas para o comprovar.
Ainda sobre a falta de religiosidade, lembrei de um querido bispo que tive. Uma pessoa maravilhosa, mas que não tinha absolutamente nada de religiosidade. Nada. Aposto que ele não sabia nem um provérbio ou salmo. Não estou querendo colocar as pessoas em caixinhas, mas é interessante pensar que no mormonismo, pessoas que ocupam grandes cargos de caráter espiritual, sejam mais parecidas com agradáveis parceiros de bar. Em outra ponta há os líderes escrotos. Que na linguagem mórmon, gostam de “queimar” as pessoas e são aplaudidos pelos fanáticos. Isso ocorre muito em ambientes missionários. Onde esses jovens sofrem, por vezes, agressões psicológicas e são incapazes de esboçar qualquer reação.
No cotidiano dominical, a igreja lembra um clube. Um lugar onde você vai ver os amigos, papear, colocar uma roupa bacana, exercer práticas de liderança e oratória. Não espere encontrar muita religiosidade nesse meio. Esse é o melhor dos cenários! Em contrapartida, há pessoas que vão, mas claramente não gostariam de estar ali. Sentam no canto do salão e fazem cara de emburrados. Vão unicamente por achar que se deixarem de ir serão condenados um dia. Uma triste realidade de manipulação: fazer pessoas acreditarem que são obrigadas a estarem em lugares que não suportam. Caí no mesmo erro. Nesse contexto, a música sacramental mórmon é algo extremamente massante e anti emotiva. As orações são frias e semi estruturadas. Os discursos são um misto de palestras motivacionais e doutrinas estranhas. Uma sonolência e apatia do público. Muitos membros recorrem, em segredo, a mídias evangélicas a fim de suprir essa carência por contato espiritual.
O mormonismo é mais sobre cumprir tarefas, do que exercer fé. Fé esta que é condicionada a uma série de exigências estranhas que vão desde não tomar café a não poder mostrar o ombro. Um evangelho extremamente complicado e pesado para o membro dessa religião. O fardo é leve só na teoria, na prática ele não tem fim. Não tem descanso. Costumo pensar que o mormonismo abafa qualquer possibilidade de religiosidade das pessoas. São tantas coisas erradas. Tantas condutas problemáticas. Tantos erros gravíssimos na história da igreja, que você sai de lá querendo distância desse Pai Celestial.
Obs. Pai Celestial é o Ser mais adorado dentro da religião Mórmon. Ele é o próprio Deus. É o nome pelo qual os membros devem chamá-Lo nas orações e ordenanças secretas do Templo. É o personagem que pediu a Joseph Smith que praticasse a poligamia, mesmo contragosto de sua esposa. O personagem que determinou que apenas os brancos deveriam receber bênçãos do sacerdócio dentro da igreja. E é Ele quem guia a igreja hoje com práticas empresariais, de coleta de dados, programas, treinamento, relatório, entre outros.
Obs. Algo sobre os bastidores Mórmon é que eles, por se considerarem a única igreja verdadeira, debocham das outras religiões. Inclusive há uma escritura no Livro de Mórmon que chama a igreja católica de “A grande prostituta da Terra”. Nas declarações oficiais são um povo tolerante e receptivos a troca de religiosidade, mas na prática apontam e desqualificam a religiosidade de outras pessoas. Há um interesse absurdo para que todas as pessoas saiam de suas crenças e se convertam ao mormonismo. E muito assédio a pessoas de famílias Mórmons, que se recusam a acreditar na doutrina. Dizendo que estarão excluídos das famílias eternas e que não serão salvos.

Comentários

  1. Amo seus textos! Suas palavras expressam muito bem as experiências de muitas pessoas! Parabéns!👏👏👏

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  2. O negócio da corporação é fundamentado em negócios (business), a igreja é uma fachada para não pagarem impostos.

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  3. Infelizmente, tem muitas verdades no teu texto. É uma pena que a igreja esteja assim.

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