Racismo

 

Como vivi 18 anos dentro de uma igreja racista? Sim, racista. Tem coisas que vc pode tentar se esquivar, contornar, melhorar, mas nunca mudar. Não se muda um passado. Ainda mais um passado tão recente. Recente no sentido de que que 1978, os negros mórmons não podiam ter os mesmos privilégios que brancos. Não tinham o sacerdócio, não podiam fazer determinadas ordenanças ditas sagradas no templo Mórmon e por aí vai. Mas, voltando a minha pergunta inicial, como sobrevivi a isso? Como aceitei compactuar com isso? Como pessoas bacanas, bem intencionadas ainda permanecem lá dentro mesmo sabendo dessa realidade? A resposta não é simples. Envolve muitos aspectos. Comigo sinto que se deu da seguinte forma: uma vez que vc entra no mormonismo, te convencem que vc tem um testemunho, te fazem verbalizar esse testemunho mensalmente e pronto. Fica difícil qualquer reação a uma postura contrária a o que se entende como religiosidade. Reina a política do silêncio ou do "deixa quieto". "Pra quê tocar nesse assunto?" "Isso não é relevante hoje." "Deus um dia explicará todas as coisas." Nos bastidores, membros questionadores são tratados com motivo de chacota. Nunca fiquei confortável com esse assunto dentro dessa igreja. Sim como tantos outros, como o próprio fundador que não sossegava a libido e criou uma lei divina (poligamia) para justificar a "pegação". Mas, a gente pensa "tem tantas outras coisas boas, que dá para levar". E assim, a gente continuava. Mentindo, se esquivando, fingindo que não aconteceu". Quando a igreja oficialmente fala sobre o assunto é um tom de "devemos ser gratos por Deus (que antes era racista) agora ter nos revelado que os negros podem ser gente da gente" kkkkk. Sim, é patético, é ridículo, mas é a pura realidade. 1978, 43 anos atrás, apenas! Ainda que fosse há 1000 anos. Ainda assim, uma vergonha para uma igreja que se diz PERFEITA, simmmmm, guiada por profetas de Deus.

Tenho muitos amigos dentro dessa religião e os respeito. Muitos me chamam no privado para dar sua opinião, pois não podem curtir ou comentar qualquer coisa, pois serão mal visto em suas respectivas congregações. É assim que funciona religiões de tamanho controle: silenciamento.